sexta-feira, 29 de março de 2019

"de cima do mundo eu vi o tempo"

Esse é o nome de um dos álbuns dA Banda Mais Bonita da Cidade.
Pela janela do ônibus, enquanto eu ouvia Trovoa pelos meus fones de ouvido, vi uma cena curiosa e muito bonita quando paramos no semáforo.
Na calçada, esperando uma clínica abrir (ainda eram 6:30 da manhã), duas mulheres e um bebê de pouco mais de um ano. Uma delas se afastava para trás lentamente, de costas, enquanto o garotinho arriscava alguns passinhos. Provavelmente seus primeiros passinhos. Ele sorria desconfiado, usava as mãos para se equilibrar, os pezinhos vacilantes, um após o outro naquela sandalinha "de Jesus" marrom.
Ela confiava que ele era capaz de caminhar e ele confiava que era capaz de caminhar. E assim ele andava na direção dela.
Naquele instante, naquela bolha, não havia nada mais importante que os passos do menino. Não importa se a clínica demora a abrir, ou se ainda está muito cedo. Se o Bolsonaro foi ao cinema ou se o Temer já saiu da prisão. Só haviam a mulher e o bebê. Como se o tempo parasse pra ele firmar os pés no chão.
De dentro do ônibus, eu vi o tempo.