sexta-feira, 26 de junho de 2020

Hoje, depois de alguns anos (pelo menos três), vi uma foto sua. Notei que está mais careca e os poucos fios que sobraram, junto com a barba, estão quase completamente brancos.
Notei as rugas nos olhos, notei a pele do pescoço mais flácida, já mais parecida com a pele do seu pai do que com a pele do seu filho. Fiquei olhando por alguns minutos e constatei o óbvio: você tá velho.
Fui invadida por uma sensação de remorso, saudade e raiva. E chorei um tanto. É sempre esse mix. Sempre. Às vezes, tem um pouco de culpa também, mesmo sabendo que eu não sou culpada de coisa alguma.
Você quem escolheu. Quem não me escolheu.
E se hoje te falta brilho nos olhos, como pude notar, se seu sorriso é melancólico e triste, como pude notar, foi você quem quis assim.
Vi as suas mãos evidentemente ásperas, cheias de pequenos ferimentos, grossas e descascando - consequência do novo trabalho - e fiquei com pena. Senti de vontade de te dar um hidratante e aconselhar que usasse luvas.
Mas se ainda não consigo dizer pra você por que não te chamo mais de "senhor", cuidar de você é que não posso mesmo.