Senti o cheiro daquele perfume e já sabia quem se aproximava. Olhei para
trás e realmente era ela, não que eu não soubesse. Vinha distraída,
cabeça baixa, vários cadernos e pastas nas mãos. Parei no meio do
corredor e esperei que ela chegasse ainda mais perto.
Quando ela ergueu os olhos e me viu ali, sorriu tímida.
Trabalhávamos
na mesma escola: eu, professor; ela, supervisora. Desde que a vi pela
primeira vez, foi impossível não me sentir atraído. Ainda que eu já
estivesse noivo. Os olhares dela não negavam e todos percebiam.
Ela
chegou mais perto, a passos lentos, como quem está com medo de se
aproximar. Parou na minha frente, eu não resisti e a puxei para uma sala
vazia.
Todo o material que estava em suas mãos
caiu no chão e quanto ela tentou se abaixar para pegá-los, eu a segurei
contra a parede com firmeza e delicadeza ao mesmo tempo.
Ela fechou os olhos e quando abriu, nossos rostos estavam praticamente colados, no que ela sussurrou:
"Eu sou sua supervisora e você é comprometido".
Se soltou de mim, juntou o material no chão e saiu andando.