terça-feira, 16 de dezembro de 2014

anseio

O silêncio das palavras que você precisa ouvir, da voz que te faz prosseguir, é o som que te ensurdece.
É o som do talvez, do quem sabe?, o som da dúvida.
O som que te angústia, te exaspera e te tira o sono.
Noites em claro, afundado no silêncio desesperador, que em nada te acalma, em nada te traz paz.
Silêncio que te faz olhar em volta, no quarto escuro, e só ver incertezas.
É tão difícil verbalizar, dizer, falar, me acalmar, me dar quietude? É? É.
Abre essa boca linda, essa boca doce e usa tua voz que é sempre baixa e suave.
Diz tudo o que cansei de adivinhar sozinha, pelos teus olhos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

essência

Disse que mudaria.
Não mudou.
Que seria diferente.
Não foi.
Que seria bom. Bom para nós.
Foi doloroso como sempre.
Pessoas não mudam.
Não adianta jurar, prometer, ajoelhar e erguer as mãos aos céus.
Mesma que insista, vai dizer sim pensando em não.
Vai calar, querendo gritar.
As discordâncias vão descer rasgando a garganta e ainda assim vai sorrir.
Mas uma hora isso tudo sufoca, agoniza e explode.
O grito, a discórdia, a intolerância e todo o resto fazem parte de você.
Está no seu corpo inteiro. 
Em cada poro. 
Pelas entranhas.
É o seu ser, sua natureza, sua índole, seu espírito. 
Sua essência dura e cruel.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sacrifícios

Quantas vezes durante esse curto trajeto existencial chamado vida, abrimos mão de coisas que consideramos valiosas, para que seja feito um bem maior à nação, por assim dizer?
Deixamos de nos agradar, de massagear esse monstrinho verde que é nosso ego, em prol de coisas e situações que são maiores que nós mesmos e normalmente não envolvem apenas nosso querer.
Sacrifício é algo doloroso.
Dia após dia precisamos fazer escolhas, definir prioridades, decidir o que vale a labuta, o que vale o sofrimento. O sacrifício de abrir mão. 
Abrir mão de emprego dos sonhos, do tempo livre e outras coisas que julgamos menos importantes do que as que precisamos manter, levar em frente e colocar em foco.
Há sempre a realidade em nosso caminho.
Deixamos passar pessoas, amores, oportunidades, para que seja mantido algo que já está pronto, que é real.
Trocamos felicidade por paz de espírito, talvez. Deixamos de lado nosso ideal para fazer a coisa certa.
Antigamente, os melhores animais eram sacrificados em altares para deuses, em troca de proteção, bênção, e garantia de prosperidade. Nós estamos sacrificando a nós mesmos em troca de consciência tranquila na hora em que deitamos a cabeça no travesseiro.

domingo, 21 de setembro de 2014

Helena

Helena é uma moça de muita sorte na vida. Aos vinte e poucos anos, leva uma vida absolutamente normal. 
Os pais são casados há quase trinta anos, e brigam apenas por causa do valor da conta de luz que veio alta demais este mês. Tudo bem, vamos dar um jeito, concordam.
Helena e os irmãos só se desentendiam quando mais novos, pela posse do controle da tv, e hoje também. Me dá, que eu sou a mais velha, ela tenta e ri em seguida, se dando conta do quanto isso parece idiota depois dos dezesseis anos de idade.
Helena trabalha e estuda, mas nada sufocante. Se vira bem, assim. Sai com os amigos, se diverte.
Helena tem tempo livre, tempo disponível para si. E ânimo. Energia de sobra. Não reclama dos dias quentes, é bem humorada, divertida, engraçada. É bonita, bem querida. Aceita.
Helena não carrega medos ou ressentimentos, nem arrependimentos. Se arrisca, não é acomodada. 
Helena é corajosa, luta. No tempo livre faz aulas de dança, assiste à filmes, lê livros.
Helena não passa vontades. Desde que isso não prejudique ninguém. Imagine se ela ofenderia alguém...
Helena é sonhadora, altruísta, delicada, amorosa. Doce. Preserva um pouco de ingenuidade e inocência.
Helena teve uma infância normal. Sem solavancos, sem traumas, sem decepções. Exceto aquela, aos quinze, por conta do garoto do colégio. Primeira decepção amorosa. E última.  Até um bom dedo para namorados ela consegue ter.
Helena não está repleta de dúvidas e anseios. De angústias, desesperos internos. conflitos pessoais. Não sente apertos no peito antes de dormir, daqueles que sufocam. Nunca precisaria de terapia. Vai às missas aos domingos e se sente em paz com Deus.
Helena acha que não têm do que reclamar. E está certa. Certíssima.
Helena é feliz. Absolutamente. Acredita no amor, na paz, na paz mundial! Quem mais ainda leva fé nisso?
Helena é feliz.
Helena é pura utopia.
Helena não existe.
Helena é quem eu gostaria de ser.


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Por quê é que santo de casa não faz milagre?

Não entendo. A gente nunca está satisfeito com o que tem nas mãos. Sempre quer o que está além. Geralmente, o que não lhe pertence. A grama do vizinho parece mais verde.
Sua esposa não cozinha tão bem quanto a esposa do seu amigo. Você chegou a essa conclusão no jantar da noite passada, na casa dele. Mas você reparou que quando alguém almoça ou janta com vocês, sempre a enche de elogios quanto à comida?
E o seu filho, que não é igual ao filho da fulana, que sempre tira boas notas, ajuda em casa e etc etc etc e você se queixa constantemente, mas as pessoas sempre dizem quão educado e inteligente ele é?
Você sempre reclama que seu marido não é atencioso, mas sua irmã diz que se o marido dela fosse um terço do que ele é, já estava de bom tamanho.
Por que é que santo de casa não faz milagre, se é o santo que você mais conhece, tem mais intimidade, liberdade e todas essas coisas básicas que só a convivência trás?
É o santo que você mais deve tratar com carinho, que está com você todos os dias, e se esforça pra fazer os milagres que você raramente nota.
O ser humano é um eterno inconformado, é impressionante.
Olha pro teu santinho, aí em casa. Deixa o santo do outro pro outro, que se você levá-lo pra casa, as queixas serão as mesmas.
O defeito, infelizmente, nesse caso, está no fiel e não no santo.

domingo, 7 de setembro de 2014

A tristeza, ela aparece mesmo nos olhos da gente?

Onde trabalho, lido diretamente com pessoas. É um comércio. Vejo pessoas de todos os tipos. Educadas, grosseiras, simpáticas, mal encaradas. Aprendi que a maneira como alguém se veste, se arruma e anda por aí, não está de forma alguma ligado à quantidade de dinheiro que tem no bolso ou o limite do cartão de crédito. Aprendi que nem todo mundo vai responder o meu bom dia com a mesma cordialidade que lhe dei. Que muita gente, mais do que eu ou você possamos imaginar, precisa de um bom dia acompanhado de um sorrir para sentir que é visto, notado, que é alguém também. Já vi de tudo. Alguns são mais falantes. Perguntam sobre tudo, falam sobre o tempo, a novela, o jogo de futebol ou comentam sobre os gatos que perambulam livremente pelo escritório. Outros não dão brecha para o mínimo de liberdade. Vi casais discutirem na minha frente na tentativa de chegarem a uma decisão, mas também vi muitos olhares cheios de amor e carinho.Tem gente que nem agradece quando atendo e lhe dou a informação solicitada. Alguns perguntam meu nome, minha idade, se estudo, a quanto tempo trabalho ali, se gosto muito de gato e etc etc etc. Acho até que no quesito "lidar bem com pessoas" já estou preparada para ser jornalista.
Sobre essas pessoas que falam muito, que se dão liberdade e não tem receio, passei a ficar com um pé atrás depois de certo acontecimento.
Problemas, todo mundo tem.
Cada qual com o seu fardo.
Cada um que carregue sua cruz. 
Comigo não haveria de ser diferente. Era uma fase difícil. Estava afetada por uma eminente separação dos meus pais e essa era só a ponta do iceberg, por assim dizer. 
Poucas pessoas sabem quando não estou realmente bem, faço o máximo para não transparecer. Não quero ninguém envolvido no que é meu. Pelo jeito, faço muito mal.
Um homem alto, em torno de 45 anos de idade, bastante forte chegou no escritório e o atendi como faço com todo mundo. 
Ficou por ali, puxou conversa à toa. Pegou um dos gatos no colo. Atendeu um telefone. Reclamou do calor e ficou sentado embaixo do ar-condicionado.
Nesse meio tempo, recebi uma ligação da minha mãe, que me fez algumas perguntas e todas foram respondidas de forma evasiva. Quando desliguei o telefone, o homem perguntou meu nome, sentou de frente pra mim e começou:
"Marinara, veja bem. Você sorri, mas não sorri com a alma. Você é tão bonita. O que acontece? Levanta os ombros. Te ajeita. Você só vai ficar bem quando colocar toda essa amargura de lado, todo esse rancor. Se você ainda não tiver doente, sinto muito, mas vai ficar. Isso faz muito mal, pra você, pra sua mãe. Sua mãe é uma mulher incrível, e ela é quem conduz essa família, ela manda. Só ela. E você precisa ser o braço direito dela. Arruma sua postura, você não vai cair, tem uma luz tão forte, o mundo não tá nos seus ombros. Pensa mais em você, e sorria. Mas sorri de verdade."
Quando ele terminou de falar, eu não sabia o que dizer. Meus olhos estavam mais arregalados do que de costume. Sentia vontade de chorar por alguém me dizer aquelas coisas e medo, estava assustada. Alguém que eu nunca vi em toda a minha vida. Que eu mal sabia o nome, e agora nem lembro mais. Que tipo de espaço eu dei pra que isso acontecesse? 
De todos os pensamentos que tive, o único que saiu da minha boca foi "Como o senhor sabe essas coisas?" e ele se desculpou. 
"Me desculpa dizer essas coisas assim do nada. Mas eu tinha que falar. Eu vi você e tinha que falar. Preciso ir. Obrigada e até mais."
Fico pensando se meus olhos pediam socorro naquele dia, e eu não ouvi.
Foi absurdamente estranho como tudo aconteceu. Não sei de que religião ele era, se algum espírito ou anjo falou algo, ou se ele era clarividente. Tem muitos "ou" na minha cabeça, que sempre terminam em "sei lá" quando lembro do episódio, mas desde então eu sou extremamente cuidadosa com a minha postura.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo?"

Veja bem, Sr. Coelho Branco, isso depende unicamente de você. Apenas pare de olhar o relógio todo o tempo e achar que está atrasado para tudo e para nada. 
Deixe que o tempo caminhe à sua maneira, sem pressioná-lo, e tudo será resolvido o quanto antes. Apenas deixe de sofrer por isso. 
Por que todo esse alvoraço e inquietação? Essa sangria desatada? Está indo tirar o pai da forca? Pra quê tanta pressa? Assim vais enlouquecer.
Não foi tu mesmo quem disseste que a eternidade pode durar apenas um segundo?
Ora, guarde esse relógio.
Melhor, deixe-o em casa. Hoje você sai sem hora pra voltar, vivendo minuto por minuto, um de cada vez.
Vai ver, Sr. Coelho, até o chá fica mais gostoso se você permitir que ele infuse por mais tempo, tranquilamente.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

REDAMAR

"Nenhuma palavra precisa sair pela tua boca para que eu saiba o que queres dizer.
Teus olhos sempre me entregam tudo. Cada pensamento.
Teu corpo, teus gestos e movimentos me dizem exatamente o que devo, ou preciso, ou quero saber.
Das tuas mãos, sempre sei onde anseiam repousar: em mim.
Dos teus lábios, onde querem tocar: nos meus.
Dos teus olhos lindos, o que procuram: a mim.
E os teus ouvidos que querem ouvir o que já sabes há muito.
Que é a maior verdade sobre nós.
Que é o que temos de mais valioso.
Que faz "redamar" ter todo o sentido:
Que te amo."

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Silêncio

Pela primeira vez em anos, sem exagero algum, minha casa ficou em silêncio.
Não há televisão ligada em nenhum dos quartos.
Não há conversas paralelas.
Não há nem sequer a correria dos gatos no telhado ou o uivo dos cachorros no portão.
Até os vizinhos resolveram se calar.
E a casa está escura.
Será que é assim que cada morador dessa casa se sente hoje? Escuro e silencioso?
Não perdemos ninguém, perdemos mais. Hoje, um laço foi cortado.
Um par de alianças ficou em cima da cômoda do quarto.
Hoje foi decidido que não se brinda com uma taça se a outra quebra.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Chinelos de pés trocados

É engraçado o sentimento de alegria que me invade quando presencio um ato de gentileza inesperado. É como se eu sentisse uma cosquinha nos cantos dos lábios, a esperança na humanidade fosse, nem que minimamente, renovada, e eu sorrio inconscientemente. Adoro a sensação.
Essa tarde estava na biblioteca pública da cidade. É um lugar sempre cheio de gente que vai estudar, que vai matar o tempo lendo HQs, mangás, ou para ver filmes na filmoteca. Enquanto esperava minha carona, me deparei com uma cena que me prendeu a atenção. Na verdade, duas cenas simultâneas, paralelas, que se tornariam uma só, em poucos passos.
Um rapaz, funcionário da biblioteca, vinha à passos lentos e atenciosos em direção à porta. Usando-o de apoio, no seu encalço, um senhor bastante alto, com uma bengala em uma das mãos enquanto a outra repousava confiante sobre o ombro do rapaz, permitindo que este o guiasse. Deficiente visual, é claro.
Em segundo plano, mas não menos importante para a observadora que vos escreve, vinha em direção à saída também, uma senhora, provável moradora de rua, vestindo farrapos e chinelos de pés trocados. Arrumava os cabelos passando a mão rapidamente. Andava ao lado de meus primeiros personagens, mas não junto.
Ela me parecia desatenta ao que acontecia a sua volta, de modo geral. Engano meu.
De repente ela apressou os passos e chegou a porta de vidro da saída e abriu.
E segurou.
E esperou o rapaz passar conduzindo o senhor.
O jovem sorriu a ela em agradecimento, e tomou o caminho da direita. Ela soltou a porta e tomou o rumo da esquerda. Não deu importância ao seu gesto de gentileza, como se não fosse grande coisa. Mas eu dei, e senti a cosquinha no meu rosto e sorri.
Ver atitudes como essas, de pessoas improváveis, quando você menos espera, é como ver uma flor brotar no lixão.
Nessa sociedade corrompida em que vivemos, cheia de egoísmo e falsa moral, eu dou o maior valor do mundo a quem anda com os chinelos trocados e corre abrir a porta para quem precisa.
Ps. Nossa biblioteca disponibiliza um acervo literário em braile para os deficientes visuais. Então, não raro você cruzará com algum deles se vier à Biblioteca Pública do Estado do Acre.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Se até Alice voltou...

Outro dia, numa festa, um amigo saiu pra comprar cigarros num lugar pertinho de onde a gente estava. Como era perto, não achei que ele fosse demorar. Só que eu não sabia que ele não sabia chegar lá. Corridos 20 minutos, ele apareceu.
- Onde é que você tava?
- Eu me perdi. Foi legal.

Aquilo ficou martelando na minha cabeça depois. Mas é verdade, é bom se perder de vez em quando. 


E eu não falo só da caminho do cigarro, falo da vida. Sair da rota predestinada pode ser surpreendente. 
Quem vai dizer que no seu caminho alternativo, não encontre algo que te valerá muito? Que pode não trazer uma nova perspectiva? Ou ainda, que não valerá a pena? Só você vai ter o direito de colocar na balança. 
E mesmo que Rita Lee tenha dito em "Ovelha Negra" que não "adianta chamar quando alguém está perdido", lembre-se que até Alice voltou do seu País das Maravilhas. 
É preciso saber voltar para entregar os cigarros da sua amiga que está esperando.

sábado, 19 de julho de 2014

"Não tenho obrigação de resolver os problemas sociais do mundo"

Sempre fui apaixonada por gatos. Desde que me entendo por gente, não me lembro de uma vez que não tivesse um bichano em casa. A máxima é da minha mãe: "Quando eu cheguei da maternidade com você, a gata de casa também tinha parido. Ela te amava, vivia no berço com você. Quando eu via a Anastácia correndo pro seu quarto, eu podia ir atrás, por que você tinha acordado."
Há quase três anos comecei a fazer com mais intensidade o que fiz a vida toda, que é pegar gato de rua e levar pra casa. Já deixei minha família louca, minha mãe, coitada, a beira de um colapso. Mas agora eu resgato, levo pra casa, cuido, e quando saudáveis, eu procuro um novo lar pro resgatinho, como eu chamo. Digo que sou uma ONG de uma pessoa só, financiada pelo meus pais. Às vezes tenho ajuda das ONGs da cidade, ou então quem ajuda sou eu, e a gente vai levando. 
Onde eu quero chegar é: eu nunca quis mudar o mundo com isso. Talvez até houvesse esse desejo no meu subconsciente, mas sabe? a gente sabe que não vai acontecer, ainda mais sozinho, e com gente faz/pensa que nem fizeram comigo. Disseram pra eu parar, por que eu não mudaria o mundo. Acredito que o mundo é composto por partes. Não digo o mundo físico, digo o mundo sociedade, a humanidade. Eu sou uma parte, você é outra parte, os vizinhos também e nós estamos interligados de alguma forma. Se todos fizessem um pouquinho, seria maravilhoso. Já imaginou? Se a Dona Maria não abandonasse os gatinhos que a gata dela pariu, se o Seu Zé não embolsasse o troco que recebeu a mais, e se o João não furasse fila. São coisas pequenas, mas fazem muita diferença. Isso faz o mundo mudar.´É clichê mas é real. Se todo mundo fizesse a sua parte, um pouquinho, isso aqui estaria diferente.
Estou falando disso por causa de algo que me aconteceu essa semana. Uma moça, que infelizmente deve ter uma visão deturpada de realidade disse isso: "Não tenho obrigação de resolver os problemas sociais do mundo." Catou duas gatinhas e levou pra casa, depois resolveu que não queria mais, "não aguentava mais, e estava de saco cheio". Claro que tem obrigação. Obrigação de fazer o que lhe compete. Todos têm. Mas são pessoas assim que fazem a gente regredir. "A gente" como sociedade.
Tenho muito amor no que faço, e não vejo que seja mais que minha obrigação ajudar criaturas tão pequenas e indefesas que precisam dos meus cuidados.
É importante ter a consciência sensível e achar que ainda é capaz de fazer algo bom, mesmo em meio a tantas pessoas com a consciência amortecida. E eu me sinto assim. E quero continuar assim, não só com os meus resgatinhos, mas a tudo que me cabe.