sábado, 30 de maio de 2015

estrelas

Teu corpo é como uma constelação: cada sinal é uma estrela.
O brilho fica por conta dos seus olhos.



quinta-feira, 28 de maio de 2015

Hiago e Emanuela

Falo como mera observadora. Em tudo na vida, eu só observo. Falo dos dois com pouca propriedade, mas sempre baseado nas minhas constatações.
Hiago e Emanuela são o casal mais improvável em que já pus os olhos.
Digo fisicamente. Duas pessoas que você não imaginaria juntas. Os tinha visto por fotos e achado o máximo tamanha diferença e quando os vi pessoalmente,  entraram no meu top cinco de casais mais legais/bonitos.
Hiago é branco. A pele tem quase a cor do leite. Alto, magrelo, usa óculos de grau e quando você bate o olho nele, já diz que é nerd. Ele é, fisicamente (e é disso que estou falando) um estereótipo dos meninos viciados em computador, jogos, internert e vídeo game. O conheci através do meu irmão e com ele troquei poucas palavras.
Emanuela é negra. De estatura mais baixa, cabelos crespos na altura do pescoço e robusta. Seios fartos, quadris avantajados. Uma das pessoas mais simpáticas que conheci nos últimos tempos. Pela minha observação (sou bem boa nisso), parece ser bastante inteligente. A conheci por que ela me adicionou no Facebook e conversamos uma ou duas vezes. Mas meu irmão sempre me falou da ótima pessoa que ela é, como cozinha bem, como é solícita e etc.
Não consigo explicar bem a minha simpatia gratuita pela formação do casal e a felicidade que me dá quando a vejo se declarando pra ele virtualmente, assim, pra todos verem.
Pouco se importam se são um "casal fora do padrão" ou um casal "que não combina" e todos esses comentários que já vimos por aí.
Talvez minha rendição tenha vindo quando observei os dois lado a lado no meu sofá, numa tarde de sábado: ela descansava o braço na perna dele e ele, carinhosamente deslizava a ponta dos dedos da altura do ombro até o cotovelo dela.
Que são um casal desses que estamos desacostumados, são.
De todo o resto sobre eles, eu não sei. Mas o amor que conseguimos ver vindo deles é do mais tradicional e puro. O amor é um só.



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esquina

Quando parei no meio da calçada, eu sabia o que esperar.
E cada segundo é eterno quando se está esperando.
Ver o par de olhos que tanto amo e o sorriso que se abre vindo em minha direção, faz todo o resto ser desimportante.
O frio na barriga é o mesmo de quando se é novidade.
Nunca é igual.
Nunca será.
Ali, parada na calçada, eu só quero que vire a esquina o dono do meu coração.



mundo paralelo

No meu mundo paralelo, você está em pé na cozinha às sete da manhã.
Está tomando café comigo antes de ir trabalhar.
Nesse meu mundo, seu cheiro de banho recente, a mistura de sabonete e perfume,  se espalha pelos cômodos da casa mediante os teus passos pesados e preguiçosos pela hora.
E você está lindo.
Você é lindo.
Aqui no meu mundo paralelo, te deixo na porta, dou-lhe um abraço, um cheiro no pescoço, me apaixonando cada vez mais por você e seu frescor, e um beijo demorado o suficiente para que não se atrase.
No meu mundo pararelelo, eu fico esperando você voltar.
Do mesmo jeito que faço no mundo real.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

quero ser


Quero ser a tua voz cantarolando enquanto dirige
Quero ser o reflexo atrás de você no espelho enquanto escova os dentes 
Quero ser o colo que apara tuas pernas jogadas no sofá 
Ser a mão que alinha os fios desordenados da tua sobrancelha 
Quero ser a voz que te anuncia o almoço 
E ser a cabeça que repousa no teu peito 
Quero ser a tua rotina
O teu dia-a-dia
O teu cotidiano 
Quero ser tua luz e tua calma
Tua ânsia e tua alma
Quero ser quem te desperta e quem te nina 
Quem te acolhe e quem lhe corrige
Teu refúgio 
Quero ser quem você quer e quem você precisa
Quero ser o melhor de todos os mundos
Quero ser tua e quero que seja meu
Quero ser o seu amor
Pois o meu
Você já é. 



domingo, 24 de maio de 2015

solidão

É aqui onde a minha solidão se aloja, ao meu lado, no sofá.
Se prologa até a hora do sono, na falta do beijo, do afago e do carinho antes do adormecer.
Na falta de companhia pro jantar. Na hora do café...
Ela costuma dizer que é a única que estará sempre comigo e faz piada da sua ausência.
Cansei de brigar com ela.
Só aceito a péssima acompanhante que ela é.
É horrível admitir, mas me pergunto se ela está errada.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cena


Ainda deitada na cama, olhei pro lado e sob a pouca luz do quarto vi você acender um cigarro.
Me postei a observar seus movimentos, como vestia a calça, depois a camisa, dava um trago no cigarro e soltava a fumaça. Qual o ritmo da sua piscada, como bagunçou o cabelo até que ele ficasse arrumado ao seu modo.
Minhas pernas formigavam e eu estava exausta.
Quando você se deitou ao meu lado e beijou-me o ombro nu, eu sabia que seria capaz de viver naquela cena, naquele quarto, por toda a eternidade.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

brilho eterno de uma mente cheia de lembranças


"O olhos dele. Os cílios que são mais bonitos que o meu.
Quando ele dirigia usando só uma mão, enquanto a outra segurava a minha.
O sorriso, a voz. A voz dele. Eu adorava a voz dele.
Aquele riso de lado, todo errado.
E teve uma vez que eu passei muito perfume, e ele beijou meu pescoço e depois me beijou, e eu senti a língua dele amarga por causa do perfume.
Pelo menos eu estava cheirosa."

T.



quarta-feira, 13 de maio de 2015

quis tanto


Você me disse que vinha e eu esperei ansiosamente. 
Terrivelmente ansiosa.
Corri tomar um banho.
Sei que adora o cheiro de sabonete na minha pele e meus cabelos exalando xampu.
Me desculpe, a roupa foi intencional. Eu quis te provocar sim. Quis que me olhasse e me quisesse.
Sentei e esperei.
Esperei quase uma eternidade teus quinze minutos. 
Que longos foram!
Quando chegou, ouvi o primeiro chamado. 
Mas esperei até o terceiro.
Me desculpe, eu ainda estava nervosa com a tua eminente presença.
Gostaria de tê-la abraçado com mais força, mas me pareces tão fraca, pequena e frágil que sinto medo.
Sentou-se comigo no sofá e me desculpe mais uma vez, te analisei inteira. 
Decorei a cor das meias. 
Notei o elástico da tua roupa íntima.
Tudo eu guardei.
Inventei uma desculpa tosca e me aproximei. Eu queria ficar perto. Bem perto.
Você deitou e eu coloquei tua cabeça no meu colo.
Senti falta de acarinhar teus cabelos. 
De desenhar tua sobrancelha com a ponta dos dedos.
E tocar teu brinco.
E brincar com a tua orelha. E ver como você repele meu toque, consciente do que ele é capaz.
Senti falta de ver de perto teu sorriso de dentes alinhados, depois do aparelho. 
Até de ver como você evita meu olhar. Me olhar nos olhos.
Eu quis me tocasse, que fosse mais intimista. Que teus dedos percorressem a extensão das minhas coxas. Por que, antes que negue, saiba que eu vi você quase me despindo com os olhos.
Mas foges tanto...
Quis que me beijasse. Sinto falta da tua boca doce, delicada, macia como nenhuma outra.
Quis que dissesse tudo o que passa na tua cabeça e eu sei que passa.
Quis tanto e apesar das minhas investidas discretas e até as mais ousadas, você calou.
E simplesmente foi embora quando deu sua hora.




domingo, 10 de maio de 2015

não há bem que dure e nem mal que seja eterno


Me reclamaram do fim das coisas. Do final em si. Quando acaba. Sou meio revoltado com isso, me disseram, tudo se esvai.
Ainda bem, penso eu. Que as coisas têm limites, têm finais e não se arrastam eternamente pela eternidade.
Imagine viver em um mundo onde nada chega ao fim: eterna procrastinação. 
Deixaríamos tudo pra depois, mais que de costume.
Tudo seria empurrado com a barriga. Pra quando deus-der-bom-tempo.
Procrastinação é a palavra.
Já pensou, viver a mercê e a boa vontade de outra pessoa? Esperando que ela faça as coisas no tempo dela, quando ela quiser, se ela quiser?
Essa coisa de sabermos que algo tem fim, nos pressiona a vivê-lo, de certa forma. Tudo é urgente. Somos obrigados a tomar atitudes e decisões. Não há tempo a perder. Queremos aproveitar cada segundo, curtir ao máximo cada momento. Viver!
Com a oportunidade de enrolação, machucaríamos as pessoas, seríamos causadores de decepção e sofreríamos também. 
É por isso que eu não quero viver pra sempre. Essa idéia não me apetece nenhum pouco. 
Cada dia deve ser vivido como o último. Quando se deitar, estar satisfeito com você e com o que você faz. 
O seu final, o final da sua trajetória enquanto ser humano, na terra, é imprevisível. Nunca se sabe quando seu fim será decretado.
É importante deixar alguém que você gosta com uma palavra boa, doce, gentil, carinhosa ou seja lá o que você define como agradável. Nunca se sabe quando será a última. 
Queira ser lembrado por coisas boas. Por qualidades. 
Mesmo em meio a tanta maldade, egoísmo, soberba, ganância e uma etc de coisas ruins, o que eu digo parece utopia.
Mas acho que é requer menos esforço do que se imagina. 


sábado, 9 de maio de 2015

noites de sábado

São nas noites de sábado que sinto a minha solidão.
Depois das 22, enquanto as mulheres se pintam e perfumam.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

viagem

Falaram que a viagem é mais legal quando se está sentado.
O caminho era interminável. Tava tudo tão engraçado. Eu olhava e não via nada. E aquela luz forte na minha cara e não sabia o que era? Pensei que fosse um ônibus na nossa frente mas era só um uno vermelho.
Que coisa! Aquele último trago deu um barato doido. Chega enjoou o estômago.
As meninas não paravam de rir. A gente andava, andava, andava e não saía do lugar. Ele dirigia mas já tava acostumado com a coisa.
Segurei no encosto do banco da frente e escorei a cabeça. Desliguei do mundo e fiquei um bom tempo sem ouvir nada e nem ver nada.
Meu coração começou a bater rápido e engraçado. Muito engraçado. Fazia tumtumtum pausa tumtumtum pausa. Toda pausa eu pensava em parada cardíaca. Falei que tava tudo engraçado e todo mundo riu. Falei que tava com medo de morrer e riram mais ainda. Eu me sentia idiota, mas engraçada.
Aquela sensação de buraco na garganta começou a me preocupar. Que será isso meu deus????
Olhei em volta e a menina do meu lado ria. Os carros na rua e as luzes faziam parecer um jogo de vídeo game. Eu comentei. E todo mundo riu de novo e falaram que eu tava muito doida. A segunda menina, no banco da frente, ria descontroladamente.
O mundo tinha uma textura diferente, tava mais engraçado.
E aí ficou tudo preto.
Eu nunca chegava em casa.
E ficou tudo branco.
Eu tava na rua da minha casa. Como?????
Parecia que tinha dado reset no jogo e ele começou de novo.
Meu coração ainda tava engraçado. E minhas pernas também tavam.
Ele parou no meu portão e eu não aguentava mais rir. Desci do carro e não fechei a porta.
Volta fechar, maninha!!!!!
Que que custavam fechar pra mim?
Nessa, eu trombei no retrovisor do carro. Bati o quadril. Assim dizem. Eu não lembro e nego loucamente até hoje.
Entrei em casa e deitei no quarto escuro.
Meu corpo quase flutuava na cama. O coração tava mais calmo, fazia tumtum tumtum.
Os olhos começaram a pesar e eu ria de olhos fechados. Ria sozinha. De porra nenhuma. Quem precisa de motivos pra rir, né?!?!?
Não tive tempo pra larica, nem vi a Madonna parada no meu jardim e muito menos vi duendes.
Mas de todas, a viagem sentada foi a melhor.

terça-feira, 5 de maio de 2015

sons de dentro

Deitada no sofá, ela sentia o corpo mole, pesado. Não era doença, era só cansaço. Tentava um breve cochilo naquela tarde, mas não conseguia.
Não era o peso -confortável- do gato, adormecido, em cima da sua barriga que incomodava.
Não eram os latidos dos cachorros dos vizinhos, implicando com alguém aleatório que passava na rua.
Tampouco a claridade que entrava pela janela de madeira, pois desta, ela já havia fechado uma das bandas.
Era o barulho do seu coração batendo. Batia alto. Um som fino e descompassado.
O que a impedia de relaxar eram os pensamentos que gritavam na cabeça.
Ela estava tão sensível consigo mesma, que jurava ser capaz de ouvir o chiado do sangue correndo pelas veias e artérias.
Fechava os olhos e sentia suas articulações rangerem, como se lhe faltasse lubrificação e estivesse enferrujada.
A calmaria poderia vir de qualquer lado, de qualquer lugar. O silêncio poderia vir da casa vazia, dos cachorros dormindo, da rua deserta.
Mas os sons que vêm de dentro são terríveis como unhas raspando em quadro negro, daquelas que fazem até os dentes doerem, capazes de arrebentar os tímpanos dos corações mais frágeis.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

olhe

Por mais baixa que seja minha voz, olhe nos meus olhos. Eles gritam o teu nome e te pedem amor.