quarta-feira, 13 de maio de 2015

quis tanto


Você me disse que vinha e eu esperei ansiosamente. 
Terrivelmente ansiosa.
Corri tomar um banho.
Sei que adora o cheiro de sabonete na minha pele e meus cabelos exalando xampu.
Me desculpe, a roupa foi intencional. Eu quis te provocar sim. Quis que me olhasse e me quisesse.
Sentei e esperei.
Esperei quase uma eternidade teus quinze minutos. 
Que longos foram!
Quando chegou, ouvi o primeiro chamado. 
Mas esperei até o terceiro.
Me desculpe, eu ainda estava nervosa com a tua eminente presença.
Gostaria de tê-la abraçado com mais força, mas me pareces tão fraca, pequena e frágil que sinto medo.
Sentou-se comigo no sofá e me desculpe mais uma vez, te analisei inteira. 
Decorei a cor das meias. 
Notei o elástico da tua roupa íntima.
Tudo eu guardei.
Inventei uma desculpa tosca e me aproximei. Eu queria ficar perto. Bem perto.
Você deitou e eu coloquei tua cabeça no meu colo.
Senti falta de acarinhar teus cabelos. 
De desenhar tua sobrancelha com a ponta dos dedos.
E tocar teu brinco.
E brincar com a tua orelha. E ver como você repele meu toque, consciente do que ele é capaz.
Senti falta de ver de perto teu sorriso de dentes alinhados, depois do aparelho. 
Até de ver como você evita meu olhar. Me olhar nos olhos.
Eu quis me tocasse, que fosse mais intimista. Que teus dedos percorressem a extensão das minhas coxas. Por que, antes que negue, saiba que eu vi você quase me despindo com os olhos.
Mas foges tanto...
Quis que me beijasse. Sinto falta da tua boca doce, delicada, macia como nenhuma outra.
Quis que dissesse tudo o que passa na tua cabeça e eu sei que passa.
Quis tanto e apesar das minhas investidas discretas e até as mais ousadas, você calou.
E simplesmente foi embora quando deu sua hora.




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