quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

janela

É sempre essa janela que me segura.
É nela que me sento. É dela que olho o pedaço de céu, entre o muro e o telhado, e a sombra do gato que passeia por cima do teto dos vizinhos.
É nessa janela que eu viro a noite.
A noite inteira em claro. Tragando vinte cigarros, um atrás do outro, como se me aliviassem tanta angústia.
É nessa janela que eu choro sozinha, quietinha, no breu da casa quieta.
É nessa janela que eu penso e repenso e não penso em porra nenhuma. Não chego a conclusão nenhuma. O medo não vai embora, a aflição não passa, o aperto não diminui.
É daqui dessa janela, onde bate um vento frio de madrugada, que não tem muita coisa que realmente importa, no fim das contas.


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