Ela foi fumar um cigarro na varanda enquanto ele ficou na cozinha e recolhia os cacos de vidros do copo que, mais cedo, fora arremessado na parede.
Nenhum dos dois era capaz de entender como um desentendimento tão inútil tomou proporções tão grandes. De repente, choviam acusações e as pequenas coisas que guardavam dentro de si escapavam boca à fora assim como os males do mundo escaparam da caixa de Pandora.
Eles não tinham coragem de se olhar, tamanha a vergonha da infantilidade cometida. Moravam juntos havia tão pouco tempo, tinha sido a primeira briga e ainda estavam aprendendo como viver em conjunto, mas a paciência realmente é uma virtude.
Ela apagou o cigarro, voltou para dentro de casa, pegou um pano e foi limpar a sujeira que ela mesmo tinha feito.
Distraída, descuidada, acabou cortando a mão num caco que ficara por ali.
O dedo minava sangue, mais do que esperava.
Silenciosamente, ele a direcionou para a pia, para lavar o ferimento e fazer um curativo.
Num impulso, ela se jogou nos braços dele e desabou em choro. Toda a raiva de antes, se transformou em angústia, aflição, tristeza. E tudo isso começou a vazar pelos olhos.
Ele a abraçou tão forte, que poderiam se fundir em um só. Nenhuma palavra foi dita.
Quando apartaram do abraço, minutos depois, a camiseta dele estava manchada das lágrimas e do sangue.
Mas tudo bem, no próximo passo da reconciliação, ela seria descartada mesmo. No final das contas, seria suor.
Antigo Nem Metade. Se você resolver ler todo o blog e perceber a grande mudança nos textos depois de uma longa pausa na escrita, a razão é que, nesse meio tempo, mudei. É bem simples, na verdade. Não quis me desfazer dos textos antigos por que não quero me desfazer de quem eu fui. Espero que goste, do novo e do velho. Haverá contos, crônicas, poemas, histórias sobre meus gatos e o que mais vier nessa conversa.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Sangue, suor e lágrimas
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