domingo, 9 de agosto de 2015

almoço

No fogão, eu cozinhava um macarrão ao alho e óleo e ela estava ali, parada na porta, me avaliando.
Me olhava com os olhos semi cerrados, numa expressão de quem me xingava mentalmente. Eu não podia deixar de me divertir com aquilo. Eu fazia de conta que não via, mas via. A boca reta, numa linha, o rosto sério e a mão na cintura, quase indignada pelo meu aparente descaso à sua revolta.
Eu me fazia de rogada e ria por dentro, enquanto dava mais que a atenção necessária ao macarrão do almoço.
Ergui os olhos e a encontrei me fitando. Num tom quase debochado, provocador mesmo, perguntei se ela já queria almoçar. 
E ela rolou os olhos.
Ri baixinho.
-O que é? Ainda tá com raiva de mim?
-Eu não sei se te bato ou se te beijo, sério mesmo.
-Eu voto na segunda opção.
-Então larga essa panela, pelo amor de deus.

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