sexta-feira, 3 de julho de 2015

partida

"Eu nunca soube o que fazer. Por favor, me perdoe." Ela dizia, sentada àquela mesa vazia.
"Só me dê um motivo. Eu preciso compreender. A tormenta diária, meu amor, é insuportável." Eu tentava arrancar o mínimo de respostas dela. Por quê aquilo?
"Me perdoe. É só do que eu preciso. De perdão. Você me perdoa?"
Ela começou a chorar compulsivamente e eu tentava segurar as mãos dela mas não conseguia. Ela chorava cada vez mais e cada vez mais alto. Eu estava me desesperando.
Como foi que mudamos de lugar? Que diabos de lugar é esse? Por que tudo é tão branco?
"Me perdoe, amor. Já não tinha mais o que aplacasse a minha dor. Eu precisava dormir."
Eu não conseguia tocá-la. Quanto mais eu me aproximava, mais ela se afastava.
Eu gritava por ela e tentava abraça-la a todo custo. Eu a perdoava, é lógico. Nunca a culparia por ter feito isso. Mas ela não sabia e eu precisava dizer que a amava.
"Meu amor, por favor..." eu implorava, aos prantos.
"Eu amo você e estou sempre contigo."
Acordei no chão, suado, o rosto lavado de lágrimas. Caí da cama e nem percebi.
Esse mesmo diálogo era reproduzido todas as noites, em situações diferentes.
Desde a partida dela, eu nunca mais tive um bom sono, um bom sonho.



Tema do desafio: "as conversas que só temos nos meu sonhos" do ponto de vista dele.

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