quarta-feira, 4 de março de 2015

plástico bolha

Há algo sobrenatural no prazer que se tem quando estouramos plástico bolha. Cada bolinha estourada é uma pontada de satisfação e os barulhinhos parecem provocar relaxamento. E a sensação de achar uma bolhinha nova, quando achamos que estouramos todas? Demais.
Sempre gostei de estourar plástico de bolha de um jeito prático: enrolando todo na mão e o torcendo. Estourando tudo de uma só vez. As bolhas pipocam feito pipoca na panela, mesmo. Mas a graça logo acaba. Acaba o plástico. Acabam as bolhas. Acaba a diversão.
Nos meus pensamentos, frutos dessa panela de pressão, como costumo chamar a minha cabeça, percebi certa semelhança entre os plásticos que estouram rapidamente e a forma como conduzo a minha vida. Sempre atropelada, tento fazer tudo de uma vez (muitas vezes não funciona), faço rápido, ligeiro, praticidade é meu lema. Minha mãe costuma dizer que sou um trator levando tudo pela frente.
Mas é o prazer? Prazer em observar e absorver cada detalhe de cada elemento de cada situação, de cada movimento, de cada desenrolar, de cada enrolar, de cada passo e de cada parada. De cada ida e cada vinda. Percebi que muito passa desapercebido.
Outra dia, enquanto dividia uma gigantesca e maravilhosa manta de plástico bolha com alguém (<3), tratei de enrolar a minha parte e torcê-la.
- Ei, calma aí. Assim não tem graça. Estoura um por um. É melhor.
A frase não foi só sobre o plástico. Sabe das conversas que só ficam nas entrelinhas?
E assim passei a estourar bolha por bolha e, quando lembro, estourar meus probleminhas de vida um por um, sem atropelos, sem enrolar nada, juntar tudo num só e fazer uma grande (pequena) explosão.
Mas não tem jeito. Tem horas que eu não lembro e quando vi já pipoquei tudo de uma vez.
As bolhas e os problemas. 

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